quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Frustração Salvífica





   Qualquer teoria política deve estar embasada também na antropologia, pois a política não é algo, em primeiro plano, de pura abstração, pois antes de ser uma razão exterior ou "um livro", a política é o ser humano, possibilidade humana e ação humana no mundo. Neste sentido, devemos pensar a totalidade da política partindo daquela orientação socrática: "conhece-te a ti mesmo".

   Qualquer individuo sensato deveria medir, antes de tudo, as possibilidades humanas, seus vícios e as suas virtudes, a partir de um olhar sobre si mesmo e, neste sentido, desconfiar que, em termos universais, a humanidade em muitos aspectos é este negócio estragado, este problema constante pós edênico que oscila entre a grandeza e a baixeza, entre a felicidade e a tristeza, entre - como já dito - os vícios e as virtudes e, com isto, destituído completamente de qualquer possibilidade messiânica ou salvadora no mundo - possibilidade que deveria gravitar apenas na esfera religiosa e metafísica, como uma promessa a ser cumprida após o fim de todas as coisas. 


   Tal vez a pergunta mais urgente neste cenário político seria o porquê da necessidade de exigir do outro aquilo que não podemos fazer por nós mesmos, como se a existência virtuosa alheia fosse um direito para nós, enquanto nadamos no mar da nossa própria miséria - o que, em absoluto, não exclui a compreensão de que, sim, há de fato pessoas que, estando acima da média, se sobressaem as demais, e que não devemos tolerar um determinado grau de decadência ao nosso redor: sempre é possível vislumbrar algo melhor no mundo (até certo ponto). 


   Esta constatação poderia fazer com que nossos olhos fossem abertos para duas constatações: 1ª) Não podemos colocar esperanças demasiadas sobre outras pessoas ou grupos; 2ª) deveríamos desconfiar de maneira aguda de qualquer espécie de discurso político ou religioso que pretende satisfazer estas esperanças demasiadas por meio de ações humanas, afim de que por elas atinjamos "um mundo edênico", onde, por exemplo, pessoas conviverão pacificamente umas com as outras, com os animais, com as árvores, que respeitarão totalmente, por meio de um plano político de saneamento mental, os velhinhos e as baleias, e que não haverá mais pobreza. 
 

   Esta constatação poderia fazer com que nossos olhos fossem abertos para duas constatações: 1ª) Não podemos colocar esperanças demasiadas sobre outras pessoas ou grupos; 2ª) deveríamos desconfiar de maneira aguda de qualquer espécie de discurso político ou religioso que pretende satisfazer estas esperanças demasiadas por meio de ações humanas, afim de que por elas atinjamos "um mundo edênico", onde, por exemplo, pessoas conviverão pacificamente umas com as outras, com os animais, com as árvores, que respeitarão totalmente, por meio de um plano político de saneamento mental, os velhinhos e as baleias, e que não haverá mais pobreza. 


   Esta constatação poderia fazer com que nossos olhos fossem abertos para duas constatações: 1ª) Não podemos colocar esperanças demasiadas sobre outras pessoas ou grupos; 2ª) deveríamos desconfiar de maneira aguda de qualquer espécie de discurso político ou religioso que pretende satisfazer estas esperanças demasiadas por meio de ações humanas, afim de que por elas atinjamos "um mundo edênico", onde, por exemplo, pessoas conviverão pacificamente umas com as outras, com os animais, com as árvores, que respeitarão totalmente, por meio de um plano político de saneamento mental, os velhinhos e as baleias, e que não haverá mais pobreza. 

   Sempre achei o pessimismo antropológico algo mais inteligente - tal vez isso se dê pelo fato de eu ser protestante; por exemplo: não se admite santos no protestantismo, pois se crê que o estado irremediável do homem só pode ser revertido pela aquisição gratuita dos méritos de Cristo pela fé (e somente por ela) -, pois isto descreve uma situação que nos acompanha irremediavelmente até ao túmulo, sobrando intacta apenas a luz da razão, este saber sobre o bem e o mal, que para a nossa infelicidade nos faz compreender o abismo em que nos encontramos, mesmo cientes intuitivamente de uma realidade perfeita que para nós é inatingível, de cuja consciência não é possível sem o esmagamento que se segue. 

   No mundo ordinário, sempre convivemos com um certo grau de realizações, sucessos e satisfações, mas essas coisas - vale lembrar - apenas constituem um determinado aspecto da nossa vida, onde não pode ser descartado o lado sombrio da mesma; e se considerarmos estas coisas de maneira mais sensata, ampliando isto sobre a totalidade da humanidade, veremos que diante deste mal, apesar de todo o bem existente, ninguém escapa, e, por isso, para vivermos, devemos nos reconciliar até ao nível do razoável com o absurdo. Por tanto, cabe a pergunta: quem é ou são aqueles que podem trazer, neste presente século, a salvação e um mundo melhor?  

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